Minha comunidade parceira é a comunidade do bairro São Pelegrino - cidade de Nova Prata, onde localiza-se minha escola parceira para o primeiro estágio - o estágio compartilhado do quinto semestre do curso de Licenciatura em Educação do Campo.
A comunidade constituiu-se antes da construção da escola, aliás, com a chegada dos filhos e o aumento das famílias, juntamente com a expansão do município, veio a necessidade de propiciar a alfabetização, o ensino, a contagem matemática, enfim, uma Educação integrada e aproximar esta Educação do seu território mais afastado do centro da cidade e de suas escolas.
As primeiras famílias a se instalarem no lugar foram: os Carbonera, Colla, Jacques, Piano, Krueger, Frison, Rizzotto, Agustini, Ferrari, Bristot, Vidi, Boito e Vivan, e outros.
ANTES...
ANTES...
Casa da família Frison, construída em 1926. Fonte da imagem: Rosane Frison Vivan |
Casa dos Frison atualmente. Fonte da imagem: Minhas imagens |
MOINHO DE MILHO
Uma das indústrias do bairro. |
Fonte das imagens: Minhas imagens |
famílias. As parcas condições não os fizeram esmorecer, tampouco resignar-se. Trabalhando como merendeira ou faxineira na escola, pedreiro ou moinheiro, comerciante ou fabricante, todos contribuíram para o crescimento do bairro.
AS LEMBRANÇAS E A REALIDADE...
Este bairro foi palco de inúmeras lembranças da minha própria infância. Era a maior referência que eu tinha de "colônia", como chamamos as terras em áreas rurais (distante do centro, sem calçamento, sem água encanada),
transposta por meus pezinhos infantes... e das relações entre as pessoas que se visitavam com mais frequência e ofereciam junto com sua hospitalidade, o que tinham de melhor para servir aos visitantes. E tinham para com o lugar maior responsabilidade e respeito. Faziam-se filós e saraus. Havia muita diversão. E a criminalidade não coexistia...Não havia tantos muros e grades prendendo as pessoas em suas casa.
Fonte da imagem: Família Vivan- década de 70 |
Nos fundos do moinho- década de 70 Fonte da imagem: Família Vivan |
O lugar é habitado por descendentes da imigração italiana que tem um peculiar bom humor, falam alto, gesticulam muito e suas gargalhadas são contagiantes e espontâneas. Juntamente com seu jeito espontâneo de ser, sua trajetória histórica é marcada pela dura batalha cotidiana pela sobrevivência e também, pela fé, pela devoção a Deus e aos Santos. Particularmente, ao São Pelegrino que empresta o nome ao bairro, cuja festa em sua honra já foi uma das maiores festividades religiosas do município e, alcançou, no passado, o auge da popularidade.
Lembranças me vêm à tona, quando o salão comunitário local era muito pequeno para abrigar a multidão que participava, sem pressa, de todas as modalidades de diversões disponíveis para todas as idades.
Hoje, o intuito principal é arrecadar finanças.
Hoje, o intuito principal é arrecadar finanças.
Igreja de Pedra de São Pelegrino |
A imagem de São Pelegrino foi doada pela família Carnevalli, por motivo de uma graça alcançada e permaneceu dois anos na Casa Paroquial. Pelo mesmo motivo, o Senhor Gentil Frison doou a imagem de São Valentim, que permaneceu em sua residência até a construção do capitel.
As instalações que abrigavam os Santos também eram utilizadas como salão comunitário. Desde então, se utilizou o capitel para oração e a primeira missa foi celebrada em 22 de novembro de 1964, pelo Padre Adolfo Fedrizzi.
No ano de 1973, por motivo de venda foi desmanchado o capitel, e o santo foi levado para a residência do Senhor Nelson Rizzoto. Deu-se início a construção do atual salão que foi concluído no ano de 1977, que abrigava, além das missas, outros eventos como a Festa de São Pelegrino. Em 1996 iniciou a construção da tão sonhada Igreja de Pedra onde, atualmente, se encontram as imagens dos Santos e o sacrário, com término da obra em dezembro de 2007.
A Paróquia de Nova Prata já corrigiu o nome do Santo, ao invés de se chamar São Pelegrino, passou a chamar-se São Peregrino, mas a comunidade reluta em aceitar esta modificação, pois haveria de modificar todo um passado historicamente constituído como tal.
O gosto da água pura me vem à boca, água de fontes, de poços sem tratamento algum e que nunca fizeram mal. A energia elétrica chegou, mas, muito tempo se passou, até a água tratada e encanada chegar ao bairro.
MUDANÇA NA PAISAGEM...
É possível observar, através das mudanças sofridas pela própria natureza, as ações do tempo. Quantas árvores foram cortadas para implantar o bairro? Quantos animais foram sacrificados ou exilados?
Quanto dano à natureza se causou sem o saber... O bairro acomodou-se entre os elevados, numa baixada do relevo predominante da região serrana, arrebatando sua flora e sua fauna. Muitos denominam de progresso, mas posso descrever perdas, não apenas de grandes espaços de áreas verdes, mas nas relações sócio interativas. Atualmente, as moradias são muito mais próximas, mas esta proximidade física evocada pelas construções e edifícios de moradias não aproxima as pessoas. Antigamente, a rotina diária das pessoas da comunidade era acordar muito cedo para dar conta de todos os afazeres, como: tratar os animais, ordenhar as vacas, plantar ou colher os frutos da terra, cuidar da casa e das crianças, provendo-lhes o sustento com a venda da colheita. O lazer era trazido pelo jogo de cartas no salão comunitário (prática que se mantém até hoje), ao reunir a família para as refeições, ao beber uma caneca de leite recém-ordenhado ou uma taça de vinho, ou pelo chá da tarde com as visitas, pela missa dominical. Cada qual com sua quota de prazer proporcional. As pessoas eram mais simpáticas e inspiravam mais confiança. Hoje, são mais austeras e ensimesmadas. E têm pressa, muita pressa!
É como pintar quadros: o antes e o depois...com o passar dos tempos, as ruas foram pavimentadas, mais moradias e comércio foram agregando-se, porém, como um aspecto positivo, a identidade das pessoas do lugar foi mantida, é peculiar o modo de falar do povo deste lugar e a fé que os une. Os filhos nascidos no lugar construíram suas moradias próximas as de seus pais, por herança ou por vontade de continuidade.
Hoje, o bairro conta com sua Escola, seu Salão Comunitário, sua Igreja, seu Posto de Saúde, suas indústrias de farinha de milho e rações, de beneficiamento da pedra de basalto, de corte de madeira, seu comércio de alimentos, de roupas e calçados, de gás, serviços de fretes para encomendas, de cabeleireiros, de mecânica, de vidraçaria...
Hoje, o bairro conta com sua Escola, seu Salão Comunitário, sua Igreja, seu Posto de Saúde, suas indústrias de farinha de milho e rações, de beneficiamento da pedra de basalto, de corte de madeira, seu comércio de alimentos, de roupas e calçados, de gás, serviços de fretes para encomendas, de cabeleireiros, de mecânica, de vidraçaria...
E a escola favorece a criação de oportunidades: de continuar, de mudar, de transformar!
A Escola Estadual de Ensino Fundamental André Carbonera é a escola do bairro São Pelegrino. Tive acesso a alguns registros disponibilizados pela diretoria da escola, nos quais é possível verificar alguns momentos históricos bastante significativos.
Ata de Abertura da escola. Fonte da imagem: E. A. Carbonera |
É possível constatar que na data de 1º de maio de 1961, com a presença das autoridades competentes, ou seja, o representante da Delegacia Regional do Ensino, e representantes locais, era criada a "Escolas Reunidas Zona Norte", que funcionaria na residência do Senhor Nelson Rizzotto mediante pagamento de uma taxa de aluguel, até a construção de sua sede própria, propiciando a formação no Curso Primário (1º ao 5º anos) para seus quarenta e sete alunos inscritos, sob a orientação das professoras Cândida Zardo Lechmann e Mary Luzzatto. Era preciso estar em funcionamento para que o governo Estadual liberasse a verba para concretizar a construção da escola.
Professora Mary Luzzatto Fonte da imagem: Minhas imagens |
Em 1962, a prefeitura municipal comprou um terreno para acomodar as instalações da escola do bairro, que pertencia ao senhor João Frison, que o comprou do Sr. André Carbonera. Anos mais tarde, a prefeitura o doou para o Estado, o que culminaria na construção da tão sonhada escola, que passou a chamar-se Grupo Escolar André Carbonera, cujo Patrono foi escolhido através de uma eleição e concorreu com o nome de Antônio Colla, ambos falecidos, em 26 de abril de 1969.
O material didático era confeccionado pelos próprios alunos e professores na época, o que demonstrava comprometimento integral com a Educação.
Inauguração da Escola Fonte das imagens: E. A. Carbonera |
Entronização do quadro do Patrono da Escola em 1973 Fonte das imagens: E. A. Carbonera |
Com a presença do Sr. Adriano Carbonera, filho do Patrono da escola, realizou-se a entronização do quadro do patrono entre o presidente Emílio Garrastazzu Médici e o governador Euclides Triches, em 1973.
Festa Junina de 1978 Fonte da imagem: Escola A. Crbonera |
As atividades de confraternização ocorriam no pátio coberto.
O quadro e o giz reproduziam o saber. As cópias eram produzidas em mimeógrafos ainda mais antigos do que estes.
Modelo de mimeógrafo Fonte da imagem: turma1972.blogspot.com |
A Escola nos dias atuais. Fonte da imagem: Escola A. Carbonera |
A escola modernizou sua estrutura física, oferecendo mais segurança com o portão eletrônico, ampliando suas instalações para atender a demanda e dispondo da participação do governo Federal com relação ao fornecimento da merenda escolar, de livros pedagógicos de boa qualidade, computadores, multimídia e está lançando o Pacto pela Educação, projeto pelo qual, alfabetiza do 1º ao 3º anos com formação especializada para os professores. Em contrapartida, o Estado não corresponde à demanda de professores especializados no atendimento ao aluno de inclusão, nem bibliotecários para ambos os turnos de funcionamento da escola, nem pessoal habilitado para o laboratório de informática. Existe a necessidade deste pessoal capacitado. Os resultados do não aproveitamento dessas áreas repercute na própria sociedade.
Hoje, a escola tem uma proposta pedagógica adequada à realidade da comunidade com a finalidade de traçar um caminho para formar homens que atuem de forma a propiciar o bem estar de todos.
A escola busca a valorização do professor, resgatar os valores morais e éticos, enfatiza a leitura e se renova juntamente com as modernidades do mundo atual, mas, necessita de respaldo das autoridades competentes.
Reforça a preservação da natureza e prima por uma educação voltada para a proteção e preservação do ambiente e sua relação com a qualidade de vida e saúde de todos os munícipes, contribuindo para o bem estar da coletividade, bem como o uso consciente dos recursos naturais ainda existentes.
" É preciso olhar para a Educação e exigir resultados"!
Waleska Buchholz Sottilli - Diretora da E. E. E. F. André Carbonera - 2013
"Este Museu Virtual não tem a pretensão de considerar-se totalmente acabado, mas sim, de lançar uma semente para tornar possível a leitura da história da Escola e Comunidade Parceira, para que possam dar continuidade, motivando o resgate das memórias e cultivo da história daqui para diante e sempre e, provocar o envolvimento dos agentes da comunidade nesta construção. Nele, poderiam recordar fatos históricos, mas, sobretudo, vislumbrar a organização de sua própria história, a história da sua realidade, a história da construção da sua comunidade, pois pela escola passam os que podem transformar o presente para construir o futuro."
Simone Soares
REFERÊNCIAS:
andre-carbonera@hotmail.com
Eixo de Processos Educativos, 5º semestre, Licenciatura em Educação do Campo, UFPEL
Entrevistas com Moradores da Comunidade Parceira
GANDRA, Edgar Ávila. Texto: História e Tempo.
GANDRA, Edgar Ávila, MIRANDA, Rose Andrade de. Texto em PDF: Construindo Museus Virtuais.
http://www.novaprata.rs.gov.br/portal1/intro.asp?iIdMun=100143265
MIRANDA, Rose Andrade de. Texto: Pensando o papel das categorias espaço e tempo na construção dos estudos das relações sociais como estratégia de compreensão da realidade e da sociedade.
PCNs de História e Geografia
Simone Soares
REFERÊNCIAS:
andre-carbonera@hotmail.com
Eixo de Processos Educativos, 5º semestre, Licenciatura em Educação do Campo, UFPEL
Entrevistas com Moradores da Comunidade Parceira
GANDRA, Edgar Ávila. Texto: História e Tempo.
GANDRA, Edgar Ávila, MIRANDA, Rose Andrade de. Texto em PDF: Construindo Museus Virtuais.
http://www.novaprata.rs.gov.br/portal1/intro.asp?iIdMun=100143265
MIRANDA, Rose Andrade de. Texto: Pensando o papel das categorias espaço e tempo na construção dos estudos das relações sociais como estratégia de compreensão da realidade e da sociedade.
PCNs de História e Geografia
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